Gravidez - Fatos e Mitos

E só engravidar e começam as dicas e histórias sobre tudo que cerca os nove meses da gestação. Você precisa estar bem informada, porque esses conselhos crescem mais rápido do que a sua barriga. Selecionamos os mais comuns e, com a ajuda de especialistas, indicamos os que são confiáveis e os que você deve descartar.

Se a grávida não comer o que tem vontade, o bebê nasce com uma marca parecida com a comida desejada.

Bobagem Não tem tia, prima ou avó que resista a passar adiante frases como essa quando tem uma grávida na família, mesmo que seja só de brincadeira. Então, fique sabendo: a gestante pode ter, sim, desejo de comer determinado alimento, e isso tem a ver com necessidades do seu organismo, que pede mais este ou aquele nutriente na gestação. Caso você não satisfaça um desses desejos, nada acontecerá ao seu filho. Bebê com marca parecida com comida é a mais pura bobagem, um desses folclores que passam de geração para geração, e ninguém sabe a origem nem desde quando se repetem. E também não caia nestas outras histórias: fazer tricô faz a criança enrolar o umbigo; muita azia é sinal de que o bebê é cabeludo; barriga pontuda é menino e barriga arredondada é menina. Essas afirmações parecem ter sido criadas para proteger ou confortar a gestante de alguma maneira. Tentar satisfazer seus desejos gastronômicos, por exemplo, é uma forma de agradá-la.

É importante comer vegetais escuros durante a gravidez.
Sem dúvida A alimentação da grávida deve ser variada e equilibrada. Mas os vegetais verde-escuros, como espinafre, brócolis e couve, são fonte de ácido fólico, nutriente fundamental, em especial no primeiro trimestre, para evitar malformações fetais. Além disso, são ricos em vitaminas importantes, como a A, a B2, a K e a E, além de minerais como o cálcio e o ferro.
Tomar bastante leite aumenta a produção do leite materno.
Mentira São as alterações hormonais provocadas pela gravidez as responsáveis pela produção do leite materno. Começa com o colostro, ainda na gestação. É um "leite" muito concentrado, nutritivo e rico em anticorpos – o primeiro alimento do bebê. Na amamentação, a produção do leite é estimulada pela própria criança, ao sugar o seio materno. Nessa fase, é importante, sim, a mãe tomar leite, em razão das demandas de cálcio do seu próprio organismo. Por isso, deve tomá-lo na quantidade adequada (três copos por dia).
Beber um copo de vinho de vez em quando não prejudica o bebê.

Não é bem assim Não existem estudos que comprovem essa afirmação. O que se sabe é que o consumo habitual de álcool em grande quantidade pode provocar problemas no bebê, como atraso mental, hiperatividade, problemas de aprendizagem e defeitos físicos. Claro que uma taça de vinho numa festa não vai causar nada disso, mas, como não se sabe exatamente em que quantidade a bebida passa a oferecer risco, é melhor optar por coquetéis de frutas sem álcool e por sucos naturais.

Comer banana previne cãibras na gravidez

Nem sempre As cãibras que ocorrem em algumas gestantes nem sempre podem ser prevenidas com o consumo de banana, alimento rico em potássio, mineral cuja falta costuma causar essas contrações, normalmente na panturrilha (barriga da perna). Cãibras também podem resultar da carência de cálcio, da falta de exercícios físicos regulares ou do excesso de peso, entre outros fatores.
É comum a gestante ter anemia.


Verdade e mentira Durante a gravidez, pode ocorrer a anemia fisiológica relativa à gravidez, provocada pelo aumento do fluxo sanguíneo no organismo, que acaba reduzindo a quantidade de células vermelhas do sangue. Essa situação ocorre com freqüência. O que não é comum – e deve ser evitado – é a anemia carencial, por falta de ferro, ácido fólico ou vitamina B12.

A partir do quarto mês de gestação é possível saber o sexo do bebê.

Nem sempre A partir do quarto mês já é possível identificar o sexo do bebê. Mas apenas se seu filho estiver numa posição em que os órgãos genitais possam ser vistos na ultra-sonografia. Outro fator determinante é a qualidade da imagem obtida pelo equipamento.

O desejo sexual da mulher diminui.

Nem sempre Algumas dizem que até aumenta. Talvez porque grávidas obviamente não têm a preocupação de engravidar nas relações sexuais. Ou porque estão tão felizes com a gravidez que se sentem mais dispostas para o sexo. No entanto, as alterações físicas que ocorrem na gestação – o crescimento da barriga, o aumento da sensibilidade nas mamas e os enjôos – podem gerar desconforto nas relações sexuais. Além disso, a mulher pode não se sentir tão atraente quanto antes, diminuindo sua auto-estima e, em conseqüência, seu desejo. Para algumas, há ainda o medo, infundado, de machucar o bebê.

Fumar até cinco cigarros não prejudica o bebê.

Mentira A grávida é responsável por tudo que o bebê recebe – de bom e de ruim. Os males que o cigarro pode causar ao ser humano já são mais do que conhecidos. Sabe-se que a nicotina pode estimular a contração dos vasos sanguíneos que irrigam a placenta. Além disso, o cigarro tem outras tantas substâncias tóxicas perigosas. Portanto, não é possível dizer que não há problema em fumar alguns cigarros. Já são tantas as agressões que nosso organismo sofre – poluição, alimentos industrializados, estresse – que devemos tentar eliminar as que estão ao nosso alcance. Na gravidez, essa preocupação deve ser maior ainda. No entanto, se você estiver completamente enlouquecida pela falta de cigarro, converse com seu médico sobre o assunto.

Cada filho custa um dente para a mãe.

Não Antigamente se dizia isso porque, de modo geral, os cuidados com os dentes não recebiam a atenção necessária, sobretudo no período da gravidez, em que a mulher precisa dividir com o bebê os nutrientes que ingere. Parte do cálcio que iria para seus dentes é utilizada pelo feto. Se ela não repuser, poderá faltar. Mas, com uma dieta equilibrada e, quando necessário, com os suplementos vitamínicos para gestantes que a maioria dos médicos recomenda, é muito difícil que haja esse déficit. Lembre-se: visitar o dentista durante a gravidez é fundamental e o tratamento dentário não oferece risco para o bebê.

É comum ter enjôo do cheiro do marido.

Pode acontecer Normalmente, no primeiro trimestre da gestação, em função das alterações hormonais, é comum ouvir esse tipo de reclamação. E não é apenas o cheiro do marido. Mulheres que sempre adoraram café podem sentir aversão ao seu aroma durante a gestação. O mesmo pode acontecer com perfumes e produtos de limpeza. Mas não se preocupe: depois dos primeiros meses ou, no máximo, depois do nascimento do bebê, tudo volta ao normal.

Tudo bem usar tintura para o cabelo.

Na dúvida, não Esse assunto é polêmico, mas os médicos recomendam evitar a tintura pelo menos no primeiro trimestre da gestação. Não se sabe, com certeza, se os produtos químicos para descolorir e tingir os cabelos são prejudiciais ao bebê, uma vez que entram na corrente sanguínea através do couro cabeludo. O ideal é procurar soluções alternativas, como a hena, que é comprovadamente segura.

A mulher fica com a memória mais fraca.

Pode ser Mas não por razões fisiológicas. A grávida fica em "estado de graça", como se costuma dizer. Os mais poetas dizem que ela sai da terra para trazer a criança do céu e por isso vive voando. Mesmo as mulheres mais racionais ficam meio desligadas.

Bebês prematuros de oito meses tendem a ter mais problemas do que os que nascem de sete meses.

Depende Tratando-se de mulheres saudáveis, é melhor que o bebê nasça de oito meses do que de sete meses. Afinal, é mais um mês se desenvolvendo na barriga da mãe. No entanto, quando a mãe tem uma doença crônica, como hipertensão ou diabetes, a criança acaba produzindo mais corticóide, hormônio que leva a um amadurecimento mais rápido dos pulmões. Assim, aos sete meses, essas crianças já têm um bom desenvolvimento pulmonar (a principal preocupação na prematuridade) e conseguem enfrentar bem o nascimento precoce.

Tomar menos água na gravidez evita idas freqüentes ao banheiro.

Mentira A vontade de urinar ocorre independentemente da ingestão de líquidos. O útero comprime a bexiga, que passa a suportar uma quantidade menor de urina. Tomar bastante água, e não menos, é essencial na gravidez para regular a temperatura corporal, o funcionamento intestinal, o transporte de nutrientes e a lubrificação das células e tecidos, entre outras funções.

A gestante sente mais calor do que a não-gestante.

É mesmo Especialmente no primeiro e no último trimestre da gravidez. E a razão é física: há um aumento de progesterona no organismo, hormônio que interfere na temperatura do corpo. Não há como fugir do calor, mas você pode amenizá-lo, usando roupas leves e bebendo muita água.

Algumas mulheres menstruam durante a gravidez

Não Todo sangramento durante a gravidez deve ser avaliado pelo médico, mas nunca será menstruação.

Consultores: Gabriela Halpern Schneider, nutricionista especializada em gestantes, e Marco Antonio Lenci, ginecologista e obstetra

Fonte: Revista Crescer